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Gravidez ectópica: sintomas, causas e tratamentos

Gravidez ectópica

A gravidez ectópica dá-se quando o embrião se implanta fora do útero, nas trompas de Falópio, nos ovários ou na cavidade abdominal. Quais são as causas? Como se diagnosticam? Que tratamentos existem?

ana beatriz robles corchado

Dr.ª Ana Beatriz Robles Corchado.
Médica assistente, Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Hospital del Mar (Barcelona) - Supervisão científica.

A gravidez ectópica, ou extrauterina, acontece quando o embrião se implanta fora da cavidade uterina e começa a crescer fora do útero. Em certas ocasiões, o embrião implanta-se e desenvolve-se nas trompas, num ovário ou na cavidade abdominal.

O que é uma gravidez ectópica 

Uma vez fecundado na trompa, o óvulo inicia a divisão celular e empreende o caminho até à cavidade uterina, onde se implantará na mucosa preparada pelas hormonas. No entanto, um obstáculo pode bloquear o caminho do óvulo fecundado e retê-lo na trompa. A implantação do óvulo nas trompas de Falópio é o caso mais comum de gravidez extrauterina. Neste caso, o óvulo desenvolve-se implantado nas paredes da trompa, muito mais frágeis que as do útero, e nas quais procura vasos sanguíneos para se nutrir.

O sangue acumula-se na trompa, já dilatada pela presença do óvulo. Nesta situação, o óvulo, desnutrido e submetido às contrações das trompas, desprende-se das paredes e morre rapidamente. O momento em que a trompa se rompe provoca uma hemorragia abdominal.

Até há poucos anos, as gestações extrauterinas ocorriam em um entre cada 200 casos. No entanto, atualmente estes casos têm vindo a aumentar.

Causas da gravidez ectópica

Este tipo de gravidez dá-se quando, por uma ou outra razão, o óvulo fecundado não consegue chegar ao útero para se implantar e crescer. Vejamos os diferentes motivos para isto ocorrer:

  • O óvulo pode ter dimensões desproporcionadas em relação ao diâmetro da trompa, não podendo, assim, deslocar-se até ao útero.
  • A deslocação do óvulo pode ser lenta, não chegando ao útero.
  • A trompa pode apresentar uma restrição anormal, não permitindo o movimento do óvulo.
  • Alguns fatores podem causar o bloqueio, como as consequências de uma possível salpingite (infeção das trompas), intervenções cirúrgicas nas trompas, uma gravidez extrauterina anterior, ou malformações congénitas.

gravidez ectopica

Sintomas da gravidez ectópica 

Os sinais de uma gravidez extrauterina podem surgir a partir das primeiras semanas de gravidez. Os sintomas mais comuns são:

  • Dores constantes de um só lado do abdómen. Estas dores são mais ou menos agudas e aparecem durante o primeiro trimestre da gravidez. Podem acontecer isoladas, ou acompanhadas de náuseas, vertigens e distúrbios intestinais ou urinários.
  • Os sintomas típicos de uma hemorragia interna (palidez, tensão baixa), também são comuns.
  • Quando a rotura da trompa é súbita, a dor abdominal é intensa e dá-se uma hemorragia na cavidade abdominal. Além disso, a grávida aparenta uma palidez visível, ritmo cardíaco acelerado e uma pressão sanguínea tão baixa que não se consegue medir.

Como se diagnostica uma gravidez ectópica 

É fundamental um diagnóstico precoce para evitar consequências graves. A gravidez ectópica pode ser confirmada mediante um exame ginecológico exaustivo, análises laboratoriais (por exemplo, ao sangue) e uma ecografia.

GRAVIDEZ ECTOPICA

Tratamentos da gravidez ectópica 

Os tratamentos para a gravidez extrauterina podem ser de dois tipos: cirúrgicos ou farmacológicos. Depende da clareza do diagnóstico, do tamanho do embrião e das técnicas disponíveis. No entanto, e apesar dos progressos, pelo menos por enquanto ainda não se conseguiu recolocar o óvulo no útero. Daí que o objetivo dos tratamentos, atualmente, seja o de interromper a gravidez extrauterina.

O tratamento farmacológico

Interrompe a gravidez e permite reabsorver o tecido que provoca a erosão das paredes da trompa. Um dos últimos avanços neste campo é uma injeção intramuscular única de metotrexato. Até há dois ou três anos atrás, as injeções eram mais numerosas e as doses mais altas.

O tratamento farmacológico apresenta inúmeras vantagens em relação à intervenção cirúrgica: atua a tempo e é indolor. No entanto, quando a medicação não é a melhor opção para tratar a gravidez ectópica, a cirurgia é o tratamento mais adequado.

Os fármacos estão contraindicados quando a gravidez ectópica está demasiado avançada, quando existem dores intensas ou hemorragias internas, quando a mãe está em período de amamentação, ou quando tem determinadas doenças que não permitem que a medicação seja uma boa escolha.

O tratamento cirúrgico

Quando se apresenta um quadro clínico estável e o embrião é suficientemente pequeno, pode ser extraído através de um procedimento denominado salpingostomia. Trata-se de uma intervenção cirúrgica que consiste numa incisão na trompa, extraindo do seu interior o óvulo fecundado, mediante uma laparoscopia. Realizam-se três pequenos cortes no abdómen, que permitem reduzir o período de convalescença para apenas 24 horas.

Este método conserva a trompa intacta. No entanto, se a trompa sofreu muitos danos ou se há hemorragias intensas, pode ser necessário extraí-la.

A salpingostomia está contraindicada nos casos em que, por exemplo, haja muito tecido cicatricial no abdómen, hemorragias intensas, ou um embrião demasiado grande. Neste caso deve-se recorrer a uma cirurgia abdominal de maior dimensão.

Os testemunhos das mães

testimonio mcarmen

MCarmen Sánchez Torres
Em Outubro de 2012, tive uma gravidez ectópica. Tive dificuldades, pois tiveram de remover parte da minha trompa de falópio direita, mais todas as outras coisas que uma tal recuperação implica. Psicologicamente, eu era muito forte, e ultrapassei isso de imediato. Em Março de 2013, eu estava grávida novamente. Estou agora a apenas seis semanas de dar à luz. Tudo está a correr muito bem e, embora seja desencorajador e nos perguntemos sobre mil coisas, a vida é assim, e acaba por nos dar uma segunda oportunidade. A propósito, a razão da minha gravidez ectópica foi endometriose. Anime-se a todos os que sofrem com isso. Além disso, tenho uma filha de dois anos de idade, por isso nada é impossível.

testimonio chelo

Chelo Ruiz
Tive também uma gravidez ectópica. É difícil, mas quero dar um grande incentivo a quem quer que passe por isto. Fui tratada com metotrexato e após seis meses fiquei grávida do meu pequeno.

testimonio luisa

Luisa Bernabe
Tive duas gravidezes extra-uterinas: primeiro, num tubo, tratado com metotrexato. Após um ano, tive outro no outro tubo, com remoção de ambos os tubos. Agora, tenho um rapaz de cinco anos, concebido através de tecnologia reprodutiva assistida.

testimonio virginia

Virgínia Mata
Vou fazer uma consulta para uma ectópica na minha trompa de Falópio direita. Injectaram-me com metotrexato e fui admitido por um dia. Dois dias depois, fui novamente admitido com muitas dores, devido à presença de líquido na cavidade de Douglas. Felizmente, evoluiu bem. A beta ainda não está no seu valor normal (não grávida), por isso ainda estou em licença por doença. A parte engraçada da história, por assim dizer, é que em 2009 tive outro ectópico no mesmo tubo, embora nessa altura fossem três perfurações, pelo que me tornei um "perito" nisto.
Há uma boa parte da minha história: em Março de 2012, nasceu o meu belo filho, que tem agora 19 meses. Claro, há esperança e estou confiante de ter outro bebé.

 


DIRETORA EDITORIAL EM O MEU BEBÉ. Especialista em temas de gravidez, p(m)aternidade, bebés e crianças, e coordenadora da nossa Agenda de Crescimento
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