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Dermatite atópica em bebés e crianças: sintomas, causas e tratamento

17 novembro 2022
Dermatite atópica

Quais são os sintomas, as causas e os tratamentos mais adequados para combater a dermatite atópica em bebés e crianças? Explicamos neste guia prático completo da pele atópica, com conselhos de um dermatologista!

veronica lopez

Com a colaboração da Dra. Verónica López
Dermatologista pediátrica no Hospital de Quirónsalud em Valência

A dermatite atópica ou eczema atópico é um dos problemas de pele mais comum nas crianças e normalmente costuma aparecer antes dos dois anos. É caraterizada por pele seca e com zonas avermelhadas, onde a criança sente muita comichão. Surge em forma de surtos ou períodos em que se agrava e que podem durar anos. A percentagem de crianças que sofre este problema duplicou nos últimos 30 anos, afetando a cerca de 10 a 15% da população infantil em todo o mundo. Não obstante, o número de casos graves diminuiu, já que as famílias prestam mais atenção à dermatite, o que permite tratá-la no seu estado inicial.

bebe creme toalha

O que é a dermatite atópica?

A dermatite atópica é uma doença inflamatória crónica da pele, provocada por uma sensibilidade exagerada aos agentes presentes no ambiente, que normalmente são inofensivos.

  • Chama-se-lhe atópica de modo a poder diferenciar da dermatite alérgica por contacto, que se distingue porque a pele, normalmente saudável, adoece quando é exposta a determinados alergénios, como no caso de algumas alergias alimentares.
  • A dermatite atópica é um problema sem cura.
  • Não obstante, em 70% dos casos o problema deixa de se manifestar a partir da adolescência.
  • É importante salientar que a dermatite também pode afetar as zonas da pele em contacto com a fralda, a chamada dermatite da fralda. O contacto com as fezes e com a urina da fralda afeta particularmente esta zona delicada do corpo do bebé, já que a sua pele é muito frágil durante os primeiros 12 meses, porque ainda não possui defesas suficientes para se proteger dos micro-organismos presentes nas fezes.
  • Para proteger a pele do rabinho do bebé, é importante utilizar uma pomada específica para controlar a agressão produzida pelas enzimas fecais na zona da fralda.

pe com dermatite

Causas da dermatite atópica

As causas da dermatite atópica podem ter várias origens:

Causas Genéticas

A família parece ser o fator de risco mais importante. Quanto maior for o número de familiares diretos afetados por dermatite atópica, mais probabilidades haverá de sofrer esta doença que se pensa ser transmitida, principalmente, por via materna.

Irritação

Devido a lavagens demasiado frequentes e feitas com produtos que contêm substâncias irritantes. Este tipo de dermatose é uma das mais frequentes e é conhecida como dermatite de contacto.

Causas Emocionais

A emotividade, a angústia ou o stress da criança influenciam o desenvolvimento desta doença.

Sintomas visiveis da dermatite atópica

  • A pele apresenta-se seca e com zonas avermelhadas nas quais aparecem pequenas bolhas.
  • A criança sente uma comichão intensa e incómoda, o que faz com que se coce e possa provocar feridas.
  • Com o tempo, a pele engrossa e apresenta sulcos evidentes.
  • A dermatite atópica pode ser acompanhada por intolerâncias alimentares e doenças alérgicas. Também pode provocar perturbações do sono, já que o prurido é especialmente intenso durante a noite, e infeções, pois a criança coça-se durante o sono.

papa bebe banheira

Dependendo da idade da criança, o eczema pode afetar diferentes partes do corpo:

  • Durante os primeiros meses, localiza-se no couro cabeludo, nas bochechas e nas zonas de flexão das extremidades.
  • Nas crianças mais crescidas (um, dois ou três anos) desaparecem parcialmente da cabeça e aparecem nas pregas dos cotovelos e dos joelhos.
  • Os sintomas de outras doenças de pele nas crianças, tais como a tinha, ou outros problemas dermatológicos, não devem ser confundidos com os sintomas de dermatite atópica.

Diagnóstico e tratamento da dermatite atópica

  • O diagnóstico de pele atópica pode ser feito pelo pediatra ou por um dermatologista simplesmente através da observação da pele da criança e do estudo do historial da família, para averiguar se existem mais casos na família.
  • Una vez diagnosticada a dermatite, a criança deve ser submetida a um controlo constante, com consultas regulares com o pediatra ou dermatólogo. Nas crianças com eczemas graves, o controlo pode ter de ser efetuado de 15 em 15 dias. Naqueles em que o eczema é leve, bastará uma ou duas vezes por ano.
  • Para tratar a dermatite, é costume serem utilizados fármacos corticosteroides tópicos. No entanto, estes medicamentos produzem alguns efeitos secundários se tiverem um uso prolongado: podem, por exemplo, provocar que a pele se torne mais fina nas zonas onde são aplicados, estrias (marcas das unhas), aumento de número e tamanho das veias cutâneas, pele heterogénea e acne.
  • Uma boa alternativa à cortisona são os imunomoduladores. São utilizados localmente e reduzem a inflamação da pele e a comichão, sem provocar os efeitos secundários próprios da cortisona.
  • Para aliviar a comichão, pode ser administrado um anti-histamínico.
  • Se se produzem infeções de pele, é necessário recorrer a antibióticos.
  • É importante recordar que todos os medicamentos devem ser prescritos pelo pediatra.

Quanto tempo dura um surto de dermatite atópica?

Algumas crianças sofrem de surtos mais graves de dermatite atópica em certas alturas do ano, como o Inverno, quando a sua pele delicada está mais exposta a agentes atmosféricos que agravam a situação, frio, vento e falta de humidade. Normalmente duram alguns dias, mas também podem durar semanas nos casos mais complicados. O que mais devo saber sobre os surtos de dermatite atópica?

  • Os surtos podem aparecer uma ou duas vezes por ano, geralmente no Inverno e na Primavera, mas também depende muito do tempo, do clima e da área onde se vive.
  • O mar, por exemplo, é benéfico para a dermatite atópica, embora se deva ter muito cuidado com a exposição ao sol na estação quente e ensolarada.
  • Em geral, os surtos de dermatite atópica em crianças tendem a tornar-se menos frequentes e menos graves ao longo dos anos, à medida que a pele da criança se torna mais forte e mais resistente às intempéries.

Existe alguma ligação entre a dermatite e a alergia respiratória?

Pode efectivamente haver uma correlação entre o aparecimento de dermatites e o desenvolvimento de certas alergias, mas apenas em sujeitos já predispostos a reacções alérgicas. Se ambos os pais forem alérgicos, as hipóteses de que a criança também seja alérgica são de cerca de 50%, se apenas um dos pais for alérgico, as hipóteses são de 20-30%.

Portanto, sim, a dermatite atópica pode ser o indicador de uma possível evolução para as alergias asmáticas.

Não pode ser evitado, mas existem algumas recomendações válidas para todos, que devem ser tomadas em consideração. Os factores de protecção são:

  • Amamentar o máximo de tempo possível, desmamando a criança não antes de cinco ou seis meses com introdução gradual de alimentos, esperando até ao terceiro ano para introduzir o leite de vaca.
  • Em sujeitos predispostos é aconselhável adiar a introdução de leite de vaca em viveiro até depois da idade de um ano, a fim de evitar reinfecções respiratórias contínuas que condicionam o desenvolvimento de outras alergias.

7 dicas do dermatologista para pele atópica

A Dra. Verónica López, dermatologista pediátrica do Hospital Quirónsalud em Valência, oferece-nos sete dicas douradas para cuidar da pele das crianças que sofrem de dermatite atópica. Leia-as cuidadosamente!

  1. O banho do bebé deve ser feito com água morna e durante um curto período de tempo (de preferência duches em vez de banhos).
  2. A utilização de um produto de limpeza adequado é essencial para o cuidado da pele atópica. Deve ser escolhido um sabão e champô suave, sem detergentes agressivos e com um pH ligeiramente ácido, uma vez que isto ajuda a manter os microrganismos benéficos.
  3. Após a limpeza, secar cuidadosamente o bebé, sem esfregar a pele, e aplicar um produto hidratante e emoliente.
  4. O coçar deve ser evitado porque, para além de irritar ainda mais a pele, pode levar a uma superinfecção. Uma dica para evitar arranhar é manter as unhas do seu bebé curtas; por vezes as luvas de algodão também podem ser úteis.
  5. A protecção solar é muito importante. É preferível evitar expor o bebé aos raios solares, mas se tal não for possível, é aconselhável utilizar um produto barreira contra agentes externos (suor, areia, água do mar, cloro...).
  6. A roupa mais adequada é o algodão, uma vez que é menos susceptível de causar irritação e permite que a pele transpire. Para limpar a roupa, devem ser utilizados sabões hipoalergénicos e devem ser evitados os amaciadores.
  7. Finalmente, é importante manter o bebé a uma temperatura apropriada, sem ficar frio, mas também sem transpirar. O suor pode causar irritação, e o aquecimento seca o ambiente.
REDATORA EM O MEU BEBÉ. Especializada em gravidez, p(m)aternidade, bebés e crianças, e coordenadora da nossa Agenda de Gravidez.

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