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Complexo de Electra: o que é e como agir

09 junho 2022
complexo de electra

Tem papite? Quer casar-se com o seu papá? Muitas meninas, a partir dos três anos, sentem uma espécie de enamoramento pelo seu pai. Trata-se do complexo de Electra. Explicamos-lhe o que é exatamente e como deve atuar nestes casos.

Utilizamos a expressão “complexo de Electra” ou “complexo de Édipo”, no caso dos meninos, para definir a atração especial pelo progenitor do sexo oposto e consequente conflito com o do mesmo sexo. No caso da menina, por conseguinte, afeta o pai.

Em geral, o complexo de Electra é uma pulsão saudável cuja função é preparar a menina ou o menino para encarar os sentimentos de amor que, a partir da adolescência, vai sentir por uma pessoa alheia à família.

Segundo a mitologia grega, Electra era a filha de Agamémnon que foi assassinado pelo amante da sua mulher. Anos depois da perda do pai, Electra convenceu o seu irmão a vingar a sua morte assassinando o assassino de Agamémnon e a sua cúmplice, a sua mãe.

No início do século XX, o psicanalista Jung utilizou o nome de Electra para denominar o que seria a versão feminina do complexo de Édipo.

filha papa coracao

Sintomas do síndrome

Os principais sintomas ou sinais para suspeitar que a criança tem um complexo Electra incipiente ou já estabelecido são os seguintes:

  • Maior afinidade com o seu pai e preferência pela sua figura, a quem professa verdadeira admiração e uma espécie de "paixoneta".
  • Rivalidade com a figura materna, da qual ele pode até sentir ciúmes e em constante oposição.
  • Embora a rivalidade com a mãe e a preferência pela figura paterna dure normalmente até cerca dos seis anos de idade, nos casos mais graves, pode continuar na idade adulta.
  • No futuro, a criança que sofreu do complexo Electra pode querer encontrar no seu parceiro um reflexo do seu pai, que é uma referência constante na sua vida.

Como lidar com o complexo de Electra

  • Os complexos de Electra e de Édipo dão-se em todas as crianças entre os três e os cinco anos. Manifestam-se através da linguagem, dos comportamentos e dos sonhos. Por exemplo, as meninas flirtam com o seu papá, adoram receber elogios dele e dedicam-lhe mimos e atenções. Queram o seu pai só para elas, nunca o perdem de vista e sentem-se orgulhosas quando saem com ele.

  • A atitude compreensiva dos pais pode ajudar a superar o complexo de Electra. É importante que estas manifestações de amor por parte da menina sejam acolhidas com uma extrema naturalidade, sem exagerar na complacência. Da mesma forma, o pai deverá transmitir à sua filha a seguinte mensagem: “Eu sou o teu pai, não o teu namorado. A minha namorada é a tua mãe e tu és a minha filha”. Para isso, os pais devem manter entre eles um comportamento afetuoso, inclusivamente na presença da filha. A pequena com complexo de Electra acaba por aperceber-se, gradualmente, que é pequena e que, por isso, não pode ser a namorada do seu pai.

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  • No início, a menina com complexo de Electra poderá mostrar rancor perante o progenitor “rival”, o qual tenta imitar e ganhar. Trata-se de um sentimento saudável, que faz parte de uma fase obrigatória para poder superar o conflito. Quando tal acontece, a menina redimensiona o carinho que sente pelo seu pai e volta a gostar, sem ciúmes, da sua mãe, que se transforma num modelo a seguir.

balanca papa mama

Complexo de Electra: erros que se têm de evitar

  • O complexo de Electra não se deve levar nunca ao extremo, mostrando-se excessivamente satisfeito com as atenções da filha.
  • Também é igualmente importante não se escandalizar quando a menina afirma que “se quer casar com o seu pai”, mas também não é apropriado o pai dizer -lhe “Claro, princesa, quando fores maior vamo-nos casar”. No caso do complexo de Electra é muito melhor responder, por exemplo: “Obrigada, mas eu sou o teu papá e não nos podemos casar. E eu já tenho uma esposa, a mamã”.

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Relação entre o complexo de Édipo e o complexo Electra

Como já dissemos, o complexo de Édipo é a "versão masculina" do complexo Electra, por assim dizer.

Basicamente, os complexos Electra e Édipo baseiam-se numa premissa comum: a criança, entre os quatro e seis anos de idade, desenvolve inconscientemente sentimentos especiais de amor e admiração para com o progenitor do sexo oposto, que se torna a sua referência e modelo.

Também desenvolvem uma suspeita em relação ao progenitor do mesmo sexo, que é visto como uma espécie de rival.

Em ambos os casos, as crianças expressam uma espécie de "paixão" e um desejo de "casar" com o seu pai ou mãe quando crescem.

As diferenças entre os dois tipos de complexos são mínimas, e talvez tenham mais a ver com a personalidade do rapaz ou da rapariga do que com o seu género.

Em qualquer caso, é uma situação temporária, que na maioria dos casos não dura para além dos seis anos de idade. Contudo, se esta "paixão" não diminuir e causar problemas para a família, é aconselhável contactar um profissional para avaliar o caso e agir em conformidade.

 

REDATORA EM O MEU BEBÉ. Coordenadora da secção doenças, e especialista em gravidez, bebés e crianças.

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