

XGRAVIDEZX
Que carinha terá?
Assim que nasce, o bebé apresenta algumas características que se irão alterar com o passar dos meses.

Nariz achatado, manchinhas vermelhas, cabecinha em forma de pera… O rosto de um bebé pode causar algumas surpresas aos seus pais. No entanto, ao fim de algumas semanas, o aspecto do recém-nascido vai enfrentar uma série de mudanças, que continuarão a acontecer passados meses. Explicamos-lhe quais são as transformações que podem, de algum modo, ser previstas.
Porque tem um “alto” na cabeça?
Logo depois de nascer, sobretudo se o parto foi um pouco difícil, a cabecinha do recém-nascido pode ter uma protuberância. Isto sucede porque, ao passar pelo canal do parto, a cabeça pode achatar-se e esticar-se. Por isso, é normal que surja um inchaço na zona que enfrenta o canal de parto em primeiro lugar, zona essa que, por vezes, pode mesmo ter uma ligeira acumulação de sangue debaixo da pele (cefalohematoma). Apesar disso, não tem porque se preocupar face a esta situação. Estes hematomas são reabsorvidos por si mesmos, e a cabecinha voltará à sua forma normal em poucos dias, ou, no caso de um cefalohematoma particularmente grande, em algumas semanas. A forma da cabecinha também depende de fatores genéticos e do espaço intrauterino. Alguns bebés podem apresentar a cabeça mais achatada em alguma zona porque, nas últimas semanas de gestação, adotaram eventualmente posições “forçadas” contra as partes do corpo mais rígidas, em especial os ossos da pélvis. Na maioria dos casos, esta condição resolve-se espontaneamente nos primeiros anos de vida.
Porque é que o tamanho da cabeça é desproporcional em relação ao corpo?
Quando nasce, a circunferência cranial mede cerca de 35 centímetros, enquanto que a torácica é de cerca de 33. Esta desproporção deve-se ao facto de que a natureza dá preferência ao desenvolvimento do cérebro em relação aos outros órgãos internos. O ser humano não só nasce com um sistema nervoso evoluído, como também o seu desenvolvimento neurológico e psicomotor deve progredir rapidamente nos primeiros anos de vida: basta pensar na aquisição da linguagem, a manipulação fina, aprender a andar, etc.

Quando é que se pode saber de que cor serão os olhos do nosso bebé?
A cor clássica dos olhos de um recém-nascido, um tom algures entre o azul e o cinza escuro, deve-se à ausência de melanina, o pigmento que colore a íris. A pigmentação ocorre rapidamente nas primeiras semanas de vida, mas não será antes dos seis meses, aproximadamente, que os olhos mostrarão a sua cor definitiva. A exceção são os bebés que virão a ter uma cor de olhos de um azul intenso: normalmente, estas crianças já têm essa cor ao nascer ou pouco depois.
Porque é que, às vezes, ele parece estrábico e lhe custa coordenar os dois olhos?
A coordenação binocular, ou seja, dos dois olhos ao mesmo tempo, não está completa antes dos quatro meses. Até essa idade, o facto de os olhos não terem uma coordenação perfeita é considerado normal. Só se persistir para lá dos quatro meses é que se deve considerar um verdadeiro estrabismo. Em qualquer caso, o pediatra fará uma avaliação do caso e decidirá se é necessário fazer um exame oftalmológico.
Como muda o seu cabelo?
O cabelo do recém-nascido não é o verdadeiro, mas sim uma penugem que cairá dentro de algumas semanas. O cabelo novo, com o tempo, pode reservar algumas surpresas. A sua consistência varia com o passar dos anos, em função de fatores genéticos. Há crianças que, até aos dois ou três anos, tiveram o cabelo liso e fino, e, ao chegar à adolescência, adquirem uma cabeleira abundante e aos caracóis. A cor também pode mudar: muitas pessoas de cabelo castanho foram loiras em criança. Pelo contrário, os adultos muito loiros, ruivos ou de cabelo preto, provavelmente já têm uma cor muito semelhante desde pequenos.

Tem orelhas de abano: o que faço?
Por vezes, a forma das orelhas também se ressente da passagem pelo canal do parto, tal como acontece com a cabeça. Neste caso, é provável que a posição forçada do pavilhão auricular, que, ao nascer, pode vir dobrado ou achatado, recupere a posição normal por si só. Diferente é o caso das “orelhas de abano” que são determinadas por fatores genéticos. Em quase todos os casos, há um aumento da cartilagem pelo que a orelha se vê afastada da cabeça. A única solução para resolver o problema em definitivo é a cirurgia, que será avaliada em função da situação e que se deixará, certamente, para uma altura em que o menino ou a menina possam participar da decisão.
Porque é que o bebé tem manchinhas vermelhas e pontinhos brancos na pele?
É normal que o recém-nascido tenha algumas manchinhas vermelhas em determinadas zonas, como as pálpebras, a base do nariz e a nuca. São os chamados nevus flammeus, que, anos atrás, tinham o nome de angiomas planos, e que se formam devido a uma maior concentração de capilares naquelas zonas. Tendem a desaparecer nos primeiros meses de vida. Do mesmo modo, os pontinhos brancos, os chamados grãozinhos de milium, são normais: são células epidérmicas queratinizadas, quer dizer, endurecidas, que bloquearam a entrada de um folículo. Pouco a pouco, a pele eliminará espontaneamente estas células endurecidas. Diferentes são os casos em que a pele seca facilmente, com vermelhidão e uma quantidade considerável de grão, ou então se apresenta crosta láctea, umas escamas semelhantes a caspa. Nestes dois casos, estamos perante características de constituição. Por exemplo, no caso da crosta láctea, trata-se da dificuldade em metabolizar uma certa quantidade de hormonas de procedência materna. Com o tempo, pode-se dar um quadro de dermatite seborreica, uma patologia leve e perfeitamente curável. A sua manifestação deve-se, em grande parte, a uma transmissão genética.
Pode-se prever a forma definitiva do nariz e da boca?
É muito difícil saber com toda a certeza qual será a forma do nariz. Só se pode prever baseado na probabilidade, em função das características do nariz dos diferentes membros da família. O seu aspecto depende em grande parte de fatores genéticos, e a forma definitiva só poderá ser vista na adolescência. Quanto à boca, crescerá normalmente durante a infância, junto com as estruturas músculo-esqueléticas do rosto, que substituirão a sua característica forma arredondada: as maçãs do rosto ganham definição, a mandíbula dirige-se mais para a frente e sobe, e os músculos tonificam-se, dando à cara um aspecto maior. O resto das modificações podem dever-se a fatores externos: o uso prolongado da chupeta, o chuchar no dedo, ou a respiração de boca aberta, por exemplo.

XSAÚDEX A constipação É uma infeção causada por diversos vírus e que se transmite muito facilmente. Vejamos em que consiste e o que pode ser feito se a criança for contagiada. Trata-se de uma infeção viral localizada no nariz, e que se transmite facilmente através de pequenas gotas de saliva emitidas com a tosse ou os espirros. Em geral, os vírus (mais de 200 tipos) podem sobreviver nos brinquedos ou outros objetos durante umas três horas. Depois, são transmitidos ao nariz ou aos olhos através das mãos e começam a multiplicar-se. COMO SE MANIFESTA Geralmente, a febre dura menos de três dias; a inflamação da garganta e do nariz, cerca de uma semana; e a tosse pode-se manter até duas ou três semanas. O QUE DEVE SER EVITADO COMO A PREVENIR O QUE FAZER 2 A limpeza nasal deve ser feita várias vezes ao dia, sobretudo antes das refeições. 3 Para destapar o nariz, também existem no mercado gotas descongestionantes à base de diferentes princípios ativos. No entanto, devem ser administradas apenas de forma ocasional, à noite, e nunca mais de 2-3 vezes por dia. 4 Outra sugestão que ajuda a melhorar a respiração é humidificar o ambiente. Pode utilizar um aparelho a frio, que será útil também nos casos de tosse. 5 Se a criança tem o sono alterado devido a uma tosse insistente, pode dar-lhe um xarope de efeito calmante. 6 Se a febre aparece, pode administrar-lhe fármacos antitérmicos e analgésicos, de acordo com as prescrições do médico. Além disso, é muito importante que o pequeno beba muitos líquidos, de modo a fluidificar o muco.

Os sintomas da constipação são os seguintes:
• Nariz a pingar. A princípio, o muco é líquido mas vai-se tornando mais espesso.
• A pele sob o nariz fica avermelhada.
• Por vezes, a temperatura sobe, há tosse, dor de garganta e rouquidão. Além disso, os olhos ficam vermelhos.
• Respiração ruidosa, por causa do nariz obstruído.
Nos mais velhinhos, estes sintomas duram só alguns dias, mas, nas crianças mais pequenas, podem alargar-se a várias semanas.
– Não abusar das gotas descongestionantes ou dos sprays para o nariz tapado. No caso de que a congestão nasal atrapalhe a respiração, insista nas lavagens nasais.
– Não utilize anti-histamínicos porque não fazem qualquer efeito contra os vírus.
– Evite os anti-inflamatórios quando a criança não tem febre, dor de garganta ou dores musculares.
– Não convém administrar antibióticos porque não curam as infeções virais, apenas as bacterianas.
– Não administrar fármacos contra a constipação, utilizados normalmente pelos adultos, porque, nas crianças, provocam efeitos secundários.
Durante o primeiro ano de vida, as crianças costumam sofrer algumas complicações devido a uma simples constipação: principalmente sobreinfeções bacterianas, como a otite, a conjuntivite, a sinusite ou a pneumonia. Estas complicações costumam dar-se porque a infeção viral diminui as defesas imunitárias da criança. Por isso, há que evitar o contacto com outras crianças e adultos que estejam constipados e também os locais muito frequentados: infantários, escolas ou grandes superfícies.
Uma vez que os vírus se transmitem através da contaminação das mãos, é importante lavá-las com frequência e evitar que entrem em contacto com o nariz e a boca.
1 O primeiro conselho é que lhe mantenha o nariz limpo. A irrigação da cavidade nasal é importante em qualquer idade, já que previne a acumulação de muco infetado e, por isso, o desenvolver de complicações bacterianas, como a sinusite. Para as crianças que são amamentadas, este conselho é ainda mais fundamental, porque não poderiam respirar pela boca e mamar ao mesmo tempo.
XNUTRIÇÃOX Não tem apetite A falta de apetite vem, muitas vezes, acompanhada de um processo agudo, que não é valorizado face à preocupação de que a criança não coma. Por volta dos 15 meses de idade, quase todas as crianças começam a comer menos. Até então, precisavam de se alimentar para crescer, engordar e terminar de se formar. A partir desta idade, as crianças não crescem nem aumentam de peso na proporção com que o faziam na sua fase de lactente, pelo que a quantidade de alimento a ingerir se torna nitidamente inferior. SE ESTÁ DOENTINHO NÃO É PRECISO OBRIGÁ-LO A COMER

• É fundamental que as famílias saibam desta característica, já que assim poderiam poupar-se algumas preocupações e, o que é pior, criar maus hábitos na alimentação, que podem fazer com que, num futuro não tão distante, o problema da falta de apetite, ou da “falsa falta de apetite”, se prolongue de forma indefinida.
• Com estes comentários, não queremos dizer que todas as crianças que apresentam esta atitude face à comida estejam obrigatoriamente sãs. As crianças com falta de apetite podem-se incluir em dois grandes grupos: os que não comem porque não têm apetite e os que não comem porque simplesmente não o querem fazer. Já vimos que, a partir dos 15 meses, as crianças precisam de consumir menos alimentos, mas o caso é que, além disso, quando uma criança está doente, perde também o apetite.
• Uma simples constipação, com congestão nasal, devida a uma infeção vírica, é o suficiente para que nos apeteça comer menos. Se isto é assim connosco, ponhamo-nos no lugar de um lactente ou de uma criança pequena, que já de si tem dificuldades em conjugar a respiração nasal e a oral. Muitas vezes, tem optar entre respirar ou comer, e é evidente que vai escolher respirar, porque comendo um mínimo pode-se “ir aguentando”, mas sem respirar… não se sobrevive.
• Também há outras doenças que podem causar anorexia. Por isso é tão importante que o pediatra esteja a par do problema. Talvez seja necessária uma análise de sangue para descartar uma anemia devida a carência de ferro, que é uma das causas patológicas da falta ou diminuição de apetite nas idades pré-escolares. Este tipo de anorexia não preocupa demasiado: feito o diagnóstico, o pediatra submete a criança ao devido tratamento, graças ao qual a criança voltará a comer como sempre.
O mais preocupante é que, na sequência de uma doença, o seu filho mude e passe a fazer parte do grupo de crianças que não comem porque “não lhes apetece”. Se, enquanto está doente, a mamã o obriga a comer, insiste, troca uns alimentos por outros, organiza verdadeiros espetáculos para conseguir que ele “limpe” o prato, ou que não vá dormir sem que tenha comido algo, a criança vai perceber que, usando a comida como arma, pode fazer da família o que bem quiser, e chegará a comer “à la carte” e mal. Forçar uma criança que não tem fome a comer é uma crueldade; obrigar a que não come “porque não” é uma tolice.
XGRAVIDEZX Radiografias? Só se for mesmo preciso A necessidade real deste exame, a fase da gravidez e a quantidade de radiação, são as variáveis a considerar antes de dar o OK ao procedimento. Em caso de necessidade, a futura mamã pode submeter-se a um estudo radiológico durante a gestação, ou será preferível deixá-lo para depois do parto, a fim de evitar possíveis riscos para o bebé? Vamos conhecer a opinião dos especialistas, e o modo como, nos hospitais, se garante que todas as radiografias são efetuadas com o mínimo risco para o paciente. O PERÍODO MAIS DELICADO É O PRIMEIRO TRIMESTRE PRECAUÇÕES A TER RESSONÂNCIAS E ECOGRAFIAS Os quatro pontos chave para os exames feitos à criança 1. Fazer o exame apenas no caso de trazer uma ajuda evidente para o diagnóstico. OBRIGADO POR LER


Um percalço, como uma queda acidental que produza fratura, ou então uma forte dor de dentes, podem tornar necessário o recurso a radiações ionizantes, a que chamamos “raios X”, usados para fazer radiografias e TACs, com o fim de obter um diagnóstico correto. Durante a gravidez, existe um protocolo muito restrito a seguir para evitar riscos para o feto. A regra geral é simples: os riscos deste tipo de exame estão relacionados com o período da gravidez em que se dá a exposição à radiação, bem como à dose absorvida: são de máximo risco no primeiro trimestre, menor no segundo e mínimo no terceiro. Diversos estudos, realizados nos Estados Unidos, analisaram a relação entre os exames com raios X e a gravidez. De acordo com os dados da International Commission on Radiological Protection, no início da gravidez (as primeiras duas semanas da conceção, a fase mais delicada, quando muitas vezes a mulher nem sequer sabe que está grávida) o efeito mais provável é o aborto. Nas duas a quatro semanas a partir da conceção, quando se dá a organogénese, o risco de malformações é elevado. No entanto, não há motivo para se preocupar. Os efeitos descritos nestes estudos só ocorrem com doses muito elevadas de radiação, superiores entre 10 a 100 vezes aos níveis utilizados numa radiografia comum. Falamos de casos “limite”, como sendo a exposição direta à radiação ou submeter-se a vários TACs seguidos, por exemplo, na sequência de um acidente muito grave. Vejamos alguns exemplos práticos para saber como atuar na vida quotidiana. Uma radiografia panorâmica dos dentes, tal como uma radiografia de um pulso, um tornozelo, ou qualquer extremidade inferior, depois de uma queda acidental com suspeita de fratura, não representam qualquer prejuízo para a saúde do feto. Não há qualquer motivo científico para que a futura mamã receie pela saúde do seu filho caso se submeta a um deste exames. E a mamografia? É aconselhável adiá-la para depois do parto se não for estritamente necessária.
Se uma mulher grávida precisa absolutamente de se submeter a uma radiografia, são necessárias algumas precauções. Em primeiro lugar há que otimizar a dose de radiação: basta regular o aparelho para que emita a menor quantidade possível de radiação para a paciente, mas que seja suficiente para permitir uma boa imagem que torne possível o diagnóstico correto.
Por este motivo, é importante que exista uma colaboração estreita entre o médico e o técnico de radiologia.
O maior receio da futura mamã prende-se com as radiografias abdominais, por exemplo em consequência de problemas do aparelho reprodutor ou do sistema intestinal. Nestes casos, é melhor avaliar a premência do exame já que o benefício deste deve compensar o risco. Uma importante precaução consiste em restringir ao máximo a área afetada pelas radiações.
O que acontece se a grávida tem de fazer uma ressonância magnética? Não há problemas no que diz respeito ao dano celular do feto, porque se trata de radiações não ionizantes, que não alteram a composição das células já formadas. No entanto, a regra do período de gravidez continua a aplicar-se neste caso. O primeiro trimestre de gestação é, na mesma, o de maior risco; a ressonância é desaconselhada nesta fase da gravidez, uma vez que os campos eletromagnéticos criados durante o exame poderiam elevar a temperatura do feto acima dos níveis de segurança, prejudicando, assim, o seu desenvolvimento. Por outro lado, no caso das ecografias, não há qualquer problema, se bem que os médicos sublinhem que o controlo do bom andamento da gravidez se deve restringir, salvo em casos específicos, ao protocolo estabelecido para as consultas de rotina, e que o diagnóstico deve limitar-se ao estritamente necessário durante a gravidez.
Também pode ser preciso fazer um exame radiológico ao bebé, por exemplo em caso de suspeita de fratura nas extremidades. Para reduzir ao mínimo a dose e a radiação, devem ser tomadas quatro medidas simples. E o senso comum é, também, fundamental.
2. Empregar a dose mínima de radiação necessária para uma visualização adequada, adaptando-a ao tamanho da criança. É importantíssimo que haja consenso entre o ginecologista, o médico radiologista e o técnico de radiologia.
3. Limitar o exame à zona anatómica que se pretende observar. As radiografias às extremidades (braços e pernas) são menos invasivas que as do abdómen, onde a radiação afeta os órgãos internos, ou os TACs feitos à cabeça.
4. Sempre que possível, é preferível optar por métodos alternativos. Mais concretamente, deve-se dar preferência à ecografia ou à ressonância magnética.
O MEU BEBÉ
Irá receber o seguinte número da revista
na próxima semana

Comments are closed, but trackbacks and pingbacks are open.