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X SAÚDE X

Pés e pernas: problemas e soluções

É normal que os seus joelhos estejam arqueados e que apoie mal os pés? Vamos observar as pernas da criança para descobrir possíveis problemas.

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> Até há pouco tempo apenas gatinhava, mas agora já tenta pôr-se de pé e começa a dar os seus primeiros passos. No entanto, ao observarmos os progressos da criança, por vezes notamos algo estranho: talvez arqueie pernas, ou as tenha em forma de “X”, ou pode ser que ande com os pés virados para dentro. Isto é algo normal ou deve preocupar-se?

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A PLANTA DO PÉ ESTÁ VIRADA PARA CIMA
Tal pode acontecer com os dois pés.

> Causas. Trata-se do pé talo valgo congénito, uma das anomalias mais frequentes em ortopedia pediátrica. Provém de um desequilíbrio genético entre os vários grupos musculares das pernas, em consequência do qual o pé é “atraído” pelo grupo muscular predominante.

> O que fazer. Para corrigir esta anomalia, a melhor solução é a chamada “técnica de Ponseti”. Consiste numa série de manipulações delicadas e exatas: o ortopedista ou fisioterapeuta ensina os movimentos aos pais, que os devem efetuar como uma massagem, o maior número de vezes possível. Esta massagem também é combinada com ligaduras ou talas corretoras. Se após o tratamento não forem visíveis resultados não satisfatórios, pode realizar-se uma pequena intervenção no tendão de Aquiles que liberta todas as estruturas retraídas. Devido à idade da criança, a operação é realizada com anestesia geral, apesar de ser bastante simples. Depois aplica-se uma faixa corretora e, mais tarde, um aparelho de ortopedia noturno até aos 18 meses.

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TEM O PÉ EM FORMA DE ‘GOMO DE TANGERINA’
O pé está curvado em direção ao interior, em forma de meia-lua. Pode ocorrer nos dois pés.

> Causas. Estamos perante um metatarso varo congénito, uma deformação que provavelmente está relacionada com uma má posição do pé no interior do útero, posição esta que pode dever-se, por exemplo, a uma reduzida quantidade de líquido amniótico ou ao feto ser grande para um espaço gestacional pequeno.

> O que fazer. Esta deformação pode ser corrigida com o uso de botas ortopédicas, que alinham os dedos com o calcanhar, e devem ser usados de forma continuada. Quanto mais pequena for a criança, mais rápida é a sua cura.

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TEM AS PERNAS ARQUEADAS 
Assim que a criança adota a posição erguida (por volta do ano de idade), quando junta os pés, a mamã nota que existe um espaço entre os joelhos, que tendem a separar-se.

> Causas. Trata-se do joelho varo. Neste caso existe uma predisposição genética, ainda que possa ocorrer com mais frequência se a criança for um pouco robusta, dado que o peso provoca o arqueamento dos joelhos. Precisamente por esta razão, surge mais em meninos, já que habitualmente pesam mais do que as meninas.

> O que fazer. Não é preciso intervir, o problema resolve-se de modo espontâneo por volta dos dois ou três anos.

TEM AS PERNAS EM FORMA DE X
Quando a criança fica de pé com os joelhos juntos não consegue unir os pés.

> Causas. Falamos do joelho valgo e normalmente manifiesta-se entre os três e os quatro anos. Não deve suscitar preocupação, pois está relacionado com o desenvolvimento fisiológico das extermidades inferiores.

> O que fazer. Não existem tratamentos. Basta marcar uma consulta anual com o ortopedista, que medirá a distância entre os maléolos (tornozelos) colocando a criança com os joelhos juntos.

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TEM OS PÉS CHATOS
O seu pé não possui a curvatura plantar normal, é plano. Toda a planta toca no chão.

> Causas. Se o pé chato se manifestar aos dois ou três anos, não se trata de um verdadeiro problema e, como tal, não deve criar preocupação, geralmente deve-se a um aumento normal do panículo adiposo plantar (o arco encontra-se oculto pela gordura). A partir dos três ou quatro anos a gordura costuma “secar” e o arco plantar pode então ser visto. Se isto não ocorre, é necessário levar a criança ao ortopedista, que irá avaliar se se trata realmente de um pé chato, que pode ser acompanhado de um desvio do calcanhar (o chamado calcanhar valgo), e que em vez de se apresentar perpendicular ao chão, como deveria ser, tende a desviar-se para fora, dirigindo o maléolo interno para o chão.

> O que fazer. Intervem-se a partir de dos três anos, introduzindo uma pequena palmilha no sapato, que serve apenas para corrigir alterações da marcha. A criança deve usá-la durante dois ou três anos. Atualmente já não se utilizam os incómodos sapatos ortopédicos de outros tempos, se o pé chato persiste depois dos oito ou dez anos e vem acompanhado de dor e dificuldade em praticar desporto ou andar, recorre-se à introdução cirúrgica de uma pequena prótese de expansão entre o astrágalo e o calcanhar. Trata-se de uma intervenção definitiva e de carácter excecional que apenas dura alguns minutos.

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DESLOCA-SE NAS PONTAS DOS PÉS
Por vezes a criança põe-se nas pontas dos pés quando anda.

> Causas. Frequentemente acontece porque a criança começou a dar os seus primeiros passos utilizando unicamente o andarilho, que o faz tomar impulso com a parte da frente do pé. O que não deve ser confundido com o “pé equino neurológico”, que obriga a criança a andar exclusivamente nas pontas dos pés, e que se relaciona com um problema neurológico relacionado com o sofrimento fetal o neonatal. Este último transtorno é devido a uma patologia mais complexa, identificada pelo pediatra após o nascimento e que requere uma orientação terapêutica articulada e, por vezes, cirúrgica.

> O que fazer. Este fenómeno desaparece de forma espontânea uma vez que una criança aumenta o seu peso e começa a andar apoiando toda a planta do pé.

X PSICOLOGIA X

O medo da separação: como ultrapassá-lo

Por volta dos oito meses, o bebé sente medo de se separar dos seus pais. Como o podemos ajudar?

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> Todas as manhãs, antes de ir para o trabalho, aparecem o choro e as birras. Para os pais que necessitam de se separar do seu filho durante umas horas, tal representa um autêntico drama. Vejamos como enfrentar o momento da separação e as atitudes que deve tomar para viver a situação de uma forma mais serena.

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AGIR POUCO A POUCO
> É natural que a criança chore durante as primeiras separações
e os pais não devem permanecer insensíveis ao choro do filho; devem ajudá-lo a separar-se gradualmente. Por exemplo, pelo menos durante as primeras semanas, pode ir com ele ao jardim de infância para favorecer a adaptação ao novo ambiente e ouvir  as educadoras.
> É importante explicar à criança que a mãe voltará dentro de pouco,
para tranquilizar e afastar os medos e a ansiedade. Mais concretamente, dar-lhe pontos de referência exatos: se a criança souber que a mãe a virá buscar depois do almoço, será más fácil preparar-se para o seu regresso.
> Antes de se separar pode oferecer-lhe um objeto que a tranquilize e que seja divertido.
Nestas situações, por exemplo, um peluche, uma boneca ou uma mantinha podem ajudar a dar mais tranquilidade a essa separação temporária.
> Se ao longo das semanas os protestos da criança não acabam,
talvez seja aconselhável investigar se o jardim de infância é realmente adequado ou se existem outros obstáculos na separação ao ambiente familiar.
> O resultado da separação entre a mãe e o filho depende, em grande parte, do estado de espírito com que a mãe e o pai vivem o momento da separação. Se os pais demonstrarem tranquilidade, a criança sentirá o mesmo. Como tal, devemos perguntar-nos se a dificuldade de separação da criança não se relaciona com a nossa dificuldade em nos separarmos dela.

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O QUE NÃO DEVE FAZER
> Não deve recorre a castigos, ameaças ou promessas de presentes
para que o seu filho fique no jardim de infância ou em casa dos avós. Basta dar-lhe mimos e carinho para o ajudar a enfrentar as primeiras separações.

> Nunca deve mentir ou separar-se dele às escondidas. Prepare-o com tempo para a separação. Para além de ser um comportamento pouco educativo, a pior consequência do engano é a perda de confiança das crianças nos adultos.

> Evite os comportamentos de ansiedade ou nervosismo. Caso contrário, a criança não sentirá que pode contar com uma base afetiva segura, e o momento da separação será de insegurança e receio. O facto de não conseguir construir dentro de si uma imagem estável da figura materna, que uma vez sozinho o possa acompanhar, leva-o a adotar respostas de rejeição e de protesto nas separações.


X SEGURANÇA X

SOS corpo estranho!

A esta idade, as crianças sentem curiosidade pelos objetos mais pequenos. Como agir se os introduz no nariz, na boca ou nos ouvidos?

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NO NARIZ
> O que fazer.
Evidentemente que o melhor é evitar que a criança brinque com objetos muito pequenos, como pedrinhas ou bolinhas. No entanto, se o acidente já ocorreu, é preciso dirigir-se a um serviço de urgências imediatamente.

> O que não fazer. Existe o risco de fazer os objetos penetrar mais profundamente ao tentar retirá-los. O corpo estranho pode descer para a garganta e para o aparelho respiratório, chegando aos brônquios e gerando uma pneumonia por aspiração. Quando isto acontece produz-se uma infeção nos brônquios, que tentam agredir e expulsar o “intruso”. Por essa razão, os pais não devem tentar intervir, mas sim dirigir-se às urgências.

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NA GARGANTA
> O que fazer. Se o objeto não provoca oclusão completa das vias respiratórias
e a criança consegue chorar, tossir e falar, não é necessário efetuar uma manobra de desobstrução, dado que a situação poderia ser agravada. Pelo contrário, incentive o seu filho a tossir e, simultaneamente, tranquilize-o.

Por vezes o objeto ainda se encontra no início da cavidade oral e basta introduzir um dedo na boca do bebé para o extrair. No entanto, se se tratar de um obstáculo persistente, é preciso ligar ao serviço de urgências ou levar a criança ao centro mais próximo. Se o objeto desceu para os brônquios, o médico usará um instrumento chamado broncoscópio após anestesiar a criança.

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Pelo contrário, se a oclusão das vias respiratórias é total, reconhecida pela cor arroxeada da pele e os sinais de asfixia da criança, é necessário realizar imediatamente uma manobra de desobstrução para que a pressão no interior do tórax aumente e provoque tosse, ajudando-o a expulsar o corpo estranho.

> O que não fazer. É importante não entrar em pânico. A manobra de Heimlich não deve ser efetuada se a criança tiver menos de dois anos, já que existe o risco de prejudicar o fígado. É também recomendável evitar introduzir um dedo na boca da criança, se o objeto não for totalmente visível, dado que se podem provocar mais danos.

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NO OUVIDO
> O que fazer. Se o objeto introduzido é de pequenas dimensões,
a mãe pode tentar extraí-lo através de uma lavagem. Primeiro deve apoiar a cabeça da criança com o ouvido obstruído virado para cima, depois, lentamente, deite um pouco of soro fisiológico no ouvido e vire a cabeça da criança para verificar se o objeto saiu. Durante a operação, a criança deve manter una boca aberta para que possa equilibrar a pressão que se cria no interior do ouvido.

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Quando o intruso é um inseto, a criança sente um zumbido muito forte e insuportável. A primeira coisa a fazer é introduzir no ouvido umas gotas de álcool de baixa graduação e depois tentar retirá-lo. Se não conseguir que o seu filho não se mova para levar a cabo a operação, é preferível levá-lo às urgências o mais depressa possível. O otorrino utiliza um instrumento chamado otoscópio para ver o objeto e este é retirado facilmente com umas pinças especiais que não afetam o tímpano.

O que não fazer. Se as primeiras tentativas não deram resultado, é melhor não insistir. Peça ajuda ao médico para não correr riscos mais sérios. Não deve introduzir medicamentos em gotas no ouvido, pois o fármaco pode agravar a situção se o tímpano estiver lesionado.

X SAÚDE X

Ouve bem?

Os problemas de audição podem surgir a qualquer idade, o mais importante é que sejam diagnosticados o mais depressa possível.

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> A hipoacusia (défice auditivo) pode ser acontecer a qualquer idade e deve ser diagnosticada o mais cedo possível para permitir que a criança adquira a língua correctamente. Geralmente os pais sãos os primeiros a notar o problema, quando cai algo ao chão e a criança não tem qualquer reação, ou quando ela própria brinca com objetos sem demonstrar interesse pelos sons que produzem. Por vezes, o problema é detetado por volta dos sete ou oito meses, durante o período de lalação, quando a criança não balbucia, simplesmente porque não ouve.

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AS CAUSAS
> Se a disfunção surge ao nascer
(frequência de 1:2.000), a hipoacusia pode ser devida a várias causas: fatores hereditários, lesões do nervo acústico, doenças como o sarampo e a meningoencefalite, ou lesões da cóclea (no ouvido interno) como as que são provocadas pela rubéola (doença que, ao ser contraída no primeiro trimestre da gestação, pode prejudicar o feto).

> A hipoacusia também pode ser devida a uma carência de oxigénio no nascimento (hipoxia) ou causada por icterícia, ou seja; a acumulação de bilirrubina que concede à pele uma cor amarelada e que, apenas em casos extremos, pode provocar problemas deste tipo.

> Se ocorre depois do nascimento, na maioria dos casos, é devida a uma obstrução: a criança introduziu um objeto pequeno no ouvido ou a mucosidade ficou estancada no ouvido médio.

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EXAMES ESPECÍFICOS
> As otoemissões acústicas:
são sons emitidos ativa e espontaneamente a partir da cóclea e após uma estimulação. A sua ausência indica problemas no ouvido interno. É aplicada uma sonda no ouvido externo da criança, que envia leves impulsos aos quais a cóclea responde, e os sinais são registados por um dispositivo. Este exame já faz parte do programa neonatal em muitos hospitais.

> Os potenciais evocados auditivos: enviam-se impulsos ao cérebro e as respostas são registadas através de um eletroencefalograma. Não é um exame doloroso nem invasivo, e é pedido pelo pediatra quando existe suspeita de surdez profunda.

> A audiometria: é utilizada para os casos de otite média ou de patologias do ouvido interno. Analisa o estado do ouvido e revela a existência de uma obstrução ou se o nervo acústico tem atividade. É um exame efetuado a partir dos cinco ou seis anos em que se necessita da colaboração da criança: são-lhe colocados uns auscultadores com sons que surgem no ouvido direito ou no esquerdo, e a criança deve identificar o lado em que os ouve.

> A impedanciometria: é um exame que avalia a transmissão do som. Indica o nível de flexibilidade do tímpano e se a mucosidade se acumulou no ouvido médio. Graças à tecnologia dos nossos dias pode realizar-se com facilidade, inclusive, num centro de saúde.

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COMO AGIR
> Perante a presença de um corpo estranho, o objeto deve ser eliminado
o mais depressa possível num serviço de Urgências.

> No caso de estancamento da mucosidade (frequente nas crianças com rinite ou com adenoides espessas), primeiro deve descongestionar o ouvido sem recorrer a antibióticos (sempre que seja possível). Se a mucosidade não estiver infetada por bactérias, trata-se de uma otite média exsudativa (ou com derrame).

Pelo contrário, se estiver infetada (o que se pode detetar através da febre) fala-se de otite média aguda. É necessário recorrer a antibióticos no caso de uma otite purulenta (no exame pode observar-se que o tímpano se encontra perfurado), para evitar complicações mais graves. Se assim não for, o tratamento deve ser dirigido segundo a sintomatologia da criança, sempre seguindo as indicações do pediatra.

> Para os casos de surdez acentuada, hoje em dia já existem próteses discretas, que não prejudicam a vida social da criança.

> Se a surdez é completa, pode-se recorrer a um implante coclear, colocado por profissionais competentes.

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OBRIGADO POR NOS LER
Receberá o próximo número
da revista no próximo mês

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